O SELAMENTO DO POVO DE DEUS

Precisamente antes de Deus libertar o Seu povo – o povo de Israel – da terra da servidão e cativeiro, o Egipto, deu ordem a Moisés e a Aarão para instruírem todo o povo a sacrificar um cordeiro para a instituição da primeira Páscoa, a qual se deveria repetir nos anos seguintes, no mesmo dia e mês, para comemorar e lembrar a libertação de Deus em favor do Seu povo. Com o sangue desse cordeiro deveriam pintar a umbreira da porta das suas casas (Êxodo 12:7, 13).

Assim, quando à meia-noite veio o anjo destruidor para realizar a sua estranha obra, da matança de todo o primogénito na terra do Egipto, a casa onde havia o sinal na umbreira, passava por alto.

À meia-noite ouviu-se um pranto em toda a terra do Egipto, pois não havia casa alguma em que não houvesse um morto, após a passagem do anjo do Senhor (Êxodo 12:30), enquanto nas casas dos israelitas, marcadas com aquele sinal, não houve qualquer pranto, pois não sofreram a menor sombra de calamidade, que acabara de cair sobre os egípcios.

SINAL DE OBEDIÊNCIA E SUBMISSÃO A DEUS

Imaginemos que um homem israelita, ao ouvir a instrução dada por Moisés, dizia: Mas por que hei-de estar com esse trabalho tão incómodo? Não basta matar o cordeiro e comê-lo assado com ervas amargas e pão asmo como manda o Senhor? Deixemos esse pormenor, pois não tem importância. O Senhor não é assim tão exigente. Já chega que manifestemos que Lhe obedecemos ao matar o cordeiro.

Qual teria sido o resultado se tal atitude tivesse sido tomada por qualquer israelita? Certamente teria experimentado a mesma amargura por que passaram os egípcios, cujas casas não estavam assinaladas.

Aquilo que o Senhor nos ordena fazer, ainda que nos possa parecer irrazoável, segundo o nosso critério, devemos fazer e não nos importar com o resto.

Lembro de um dia estar a realizar em Saurimo, Angola, a campanha das Missões, e ter entrado num estabelecimento onde estavam vários indivíduos. Ao apresentar o pedido, um deles interpelou-me sobre vários pontos doutrinários da minha igreja. Depois de lhe ter respondido, ele respondeu-me que isso era apenas uma questão de pormenor entre as várias igrejas. Que umas interpretam de uma maneira e outra de outra, mas que no fim tudo vai dar ao mesmo. No final Deus vai salvar a todos pois não se incomoda com questões de pormenor.

Respondi-lhe que não era bem assim como ele acabava de me responder. Que Deus espera que Lhe obedeçamos no que Ele nos ordena nos Seus santos mandamentos. Se falharmos na nossa obediência para com Ele, arriscaremos a nossa salvação, pois ninguém jamais entrará no Seu reino que tenha desatendido alguma das Suas ordenações.

Agora, eu pergunto: Será mesmo apenas uma questão de pormenor?

Não, nunca! Quando Deus ordena algo aos Seus filhos, Ele espera isso mesmo da parte deles.

Quando Jesus, por exemplo, ordenou ao paralítico, que estava junto ao tanque de Betesda, que se levantasse, pegasse na sua cama e andasse (João 5:2-9), Ele significava isso mesmo, isto é, esperava mesmo que o paralítico procedesse como ele lhe acabava de ordenar.

Se o paralítico tivesse respondido a Jesus: Mas, Senhor não sabes que sou paralítico há 38 anos? Que já tentei muitas vezes andar durante todos estes anos e tive sempre de desistir, pois não tinha forças nas minhas pernas para o fazer?

Qual teria sido o resultado?

Aquele paralítico jamais teria voltado a andar. Jamais se teria libertado daquela paralisia e teria morrido naquela situação. Mas, ao obedecer, sem questionar o poder de Jesus para o fazer andar, ou se demorar sobre cogitações de pormenor entre o poder d’Aquele que lhe falava e o poder que ele acreditava existir nas águas remexidas daquele tanque, actuou antes segundo aquela ordem e o resultado foi a sua libertação imediata daquela paralisia que o atormentava há tanto tempo.

O ASSINALAMENTO ACTUAL DO POVO DE DEUS

Assim como Deus levou os israelitas a assinalarem as suas casas com o sangue do cordeiro pascal, a fim de lhes provar a fidelidade e os poupar da matança dos primogénitos, antes de os libertar daquela terra de servidão e cativeiro e os levar à terra prometida, Canaã, assim também Ele irá assinalar os Seus filhos fiéis entre o Seu povo antes de os libertar desta terra do cativeiro do pecado e os levar à Canaã celestial.

No tempo de Ezequiel os fiéis de Deus foram assinalados a fim de não serem destruídos na destruição final de Jerusalém, devido à sua idolatria e apostasia.

Apesar das maravilhas que Deus havia operado no meio daquele povo e de os ter favorecido, repetidas vezes, de maneira especial e milagrosa, acima de qualquer outro povo, o povo de Israel de tal maneira se deixara corromper por influência das práticas ímpias dos seus vizinhos, que estava agora prestes a pagar por esses pecados e iniquidades.

Mas Deus sabia que no seio da maioria dos idólatras e adúlteros daquele povo, se encontravam homens e mulheres que “gemiam e choravam” perante todos os pecados que diariamente viam os seus irmãos cometer. A esses enviou Deus o Seu anjo a assinalar a fim de que nenhum mal lhes ocorresse, quando os restantes cinco perfizessem a sua obra destruidora.

A ordem que tiveram foi que começassem pelo santuário de Deus (v. 6).

Identicamente ao que ocorreu no passado, Deus está actualmente a levar a cabo, por intermédio dos Seus anjos, o selamento final e derradeiro do Seu povo sobre esta Terra a fim de os proteger da destruição que logo sobrevirá a este Planeta e os salvar para o Seu reino celestial por ocasião da segunda vinda em glória do Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. «O tempo do assinalamento é muito curto, e em breve passará. Agora é o tempo, enquanto os quatro anjos estão segurando os quatro ventos, a fim de fazermos o nosso chamado e eleição certos.» (Primeiros Escritos, pág. 58).

Enquanto os quatro anjos estão a segurar os quatro ventos da contenda e controvérsia deste mundo, para que não soprem, Deus está a selar o Seu povo (Apoc. 7:1-4).

Quem irá ser selado?

Deus diz-nos por intermédio do profeta Ezequiel, que apenas os que sentirem repugnância pelo pecado e tristeza e aperto de alma pelos pecados dos seus irmãos, no seio do seu povo, serão selados. (Ezeq. 9:4).

Isto quer dizer que estas pessoas não somente estarão repelindo o pecado das suas vidas, como sentirão amarga angústia pelos pecados cometidos por aqueles que se dizem fazer parte do povo de Deus, mas não obstante estão a viver contrariamente às instruções claras da Palavra de Deus. Rejeitam as obras da luz e aceitam as das trevas.

«Especialmente no trabalho final da igreja, no tempo do selamento dos 144 000, que devem permanecer imaculados perante o trono de Deus, sentirão eles mais profundamente as faltas do professo povo de Deus.» (Testemunhos Selectos, vol. 3, pág. 266).

Oh! Quão infelizmente é isto verdade! Quantos no seio da igreja de Deus estão inquietos e intranquilos com a situação de muitos dos seus irmãos, que professam possuir grande piedade e devoção, enquanto por outro lado, estão-se deixando vencer pelos enganos do mundo: a moda, os adornos e pinturas segundo os padrões do mundo, a leitura e visionamento de telenovelas, filmes, alguns imorais, bailes, festas de ano, ou de casamentos, mesmo em família, as conversas frívolas, as músicas sensuais e algumas até diabólicas! Tudo isso propende a insensibilizar os sentidos a fim de que não se discirna entre o santo e o profano.

Ora, tudo isto tem uma influência destrutiva e corruptora nas mentes dos nossos jovens e mesmo entre os membros mais velhos. Oh! Pudesse o Espírito Santo tocar esses corações e teríamos uma Igreja onde a presença divina se faria sentir na vida e coração de cada membro, jovem ou adulto. A experiência da Igreja seria, certamente, outra bem diferente da que possuímos actualmente e poderíamos mais rapidamente alcançar a Pátria celestial.

«Quem permanecerá no conselho divino neste tempo? Serão aqueles que virtualmente desculpam as faltas entre o professo povo de Deus e que murmuram nos seus corações, senão abertamente, contra aqueles que tomam o lado desses e simpatizam com os que cometem iniquidade? Não, certamente que não!»

«A menos que se arrependam, e abandonem a obra de Satanás em oprimir os que têm a carga do trabalho e em suster as mãos dos pecadores em Sião, nunca receberão a marca do selo aprobativo de Deus. Cairão na destruição generalizada dos ímpios, representada na obra dos cinco homens com as armas da matança.» ( Idem, pág. 267).

Como vemos o selo de Deus jamais será colocados sobre a testa de um homem ou mulher de lábios impuros ou que tenha tendência para condescender com o pecado. Ainda que encubra sob uma capa de suposta santidade as suas inclinações carnais, o Senhor as conhece muito bem, pois nada Lhe está encoberto. Tais pessoas com facilidade se associam aos que estão em falta e a fim de justificarem as suas faltas arvoram-se em grandes defensores da verdade e pretendem ser o padrão para os outros irmãos. E, quando estes não os seguem, irritam-se fortemente contra eles e abandonam a igreja, dizendo que foi por causa de tal ou tal irão não ter procedido correctamente para com eles. Outros permanecem na igreja, mas não mudando o coração acabam por cair da graça de Deus.

QUAL É O SINAL DE DEUS

Além do significado especial que tem o Sábado ao recordar a obra da criação de Deus, é também o sinal que distingue os verdadeiros filhos de Deus.

Como no passado a marca de sangue sobre a umbreira da porta serviu de prova à fidelidade do povo de Israel, no futuro o Sábado servirá de prova à fidelidade do verdadeiro povo de Deus.

Quando Satanás, no seu último esforço, levar as suas forças a coligarem-se contra «os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus» (Apoc. 12:17; 14:12), o Sábado tornar-se-á a pedra de toque pela qual será aferida a fidelidade de cada suposto filho de Deus.

Não haverá então qualquer desculpa. Os verdadeiros adoradores permanecerão inabaláveis na observância desse dia, enquanto os falsos adoradores o abandonam e apegar-se-ão às doutrinas e ensinos dos seus novos mentores, que apregoarão ser o Domingo o verdadeiro Sábado de Deus. Então os que preferirem apegar-se à doutrina que ensina ser o domingo o Sábado do Senhor, receberão a marca da besta. E os que abandonarem as fileiras do povo de Deus constituir-se-ão nos piores inimigos do fiel remanescente povo de Deus.

Mas Deus protegê-los-á e nenhum mal lhes sucederá, pois decidiram a sua parte com o Varão de dores, Jesus Cristo, e Ele os protegerá na sua maior angústia durante a perseguição dos seus inimigos instigados por hostes satânicas que se misturarão entre os homens.

Aqueles que quiserem então ser fiéis terão agora de fazer prova da sua fé e abdicarem de tudo que os separa de Deus, a fim de que Ele os possa selar e proteger nos dias da grande provação que há-de vir, tal como nunca houve desde que há nação (Daniel 12:1).

«Só o quarto mandamento de todos os dez contém o selo do grande Legislador, o Criador dos céus e da terra.» (Testemunhos para a Igreja, vol. 6, pág. 350; Patriarcas e Profetas, pág. 307).

«… O selo do Deus vivo será colocado sobre aqueles que conscienciosamente guardem o Sábado do Senhor.» (SDABC, vol. 7, pág. 980).

CONCLUSÃO

Com vista à participação, numa corrida de atletismo, nos Jogos Olímpicos de 1968 no México, um jovem francês despendeu muitas semanas e meses na sua preparação e treino físico. Havia ficado em segundo lugar nos Jogos Olímpicos de 1964 em Tóquio, Japão, e durante os quatro anos que medeiam entre Jogos Olímpicos, este jovem sujeitou-se a um duro e intensivo treino e preparação a fim de conseguir, desta vez, o primeiro lugar nessa prova.

Viajou para o México sob grande emoção e expectativa. Chegou finalmente o grande dia da prova em que ia participar. Depois de fazer todos os preparativos no seu aposento onde estava instalado, olhou para o relógio e reparou que faltavam apenas dez minutos para o início da prova. Apressou-se em sair e apresentar-se no local da partida da prova, mas, oh! Que amarga decepção! A prova, nesse preciso momento, acabava de realizar-se!

Assim será com muitos na vinda gloriosa de Cristo: «Demasiado tarde verão eles que o Sábado do quarto mandamento é o selo do Deus vivo.» (O Grande Conflito, pág. 640).

«Quem poderá suportar o pensamento de ser para sempre passado por alto quando o anjo passar a selar os servos de Deus nas suas testas?» (Review and Herald, 28-5-1889).

«Então ver-se-á a diferença entre os que servem a Deus e os que o não servem.» (Malaquias 3:18).

Esta poderá ser também a vossa e a minha experiência, tal como a descreve Jeremias 8:20: «Passou a cega, findou o verão e nós não estamos salvos.»

Se dissessem a qualquer um de vós: «A próxima semana será a última semana da tua vida, pois na próxima Sexta-feira irás morrer.» Como viveríeis, cada um de vós, nesse caso, a próxima semana? Da mesma maneira que tendes vivido as anteriores? Não creio que assim o fizésseis. Certamente que se apoderaria de vós um verdadeiro senso de solenidade e piedosamente vos preparíeis para esse evento solene.

Pois é. Nós descuidamos, muitas vezes, a solenidade do tempo em que vivemos e deixamos, dessa maneira, de nos aperceber que é nossa responsabilidade de estarmos entre os assinalados filhos de Deus ou entre os que não foram.

De qual grupo iremos nós, vós e eu, procurar fazer parte?

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